segunda-feira, 16 de novembro de 2009

FARSWORTH VERÃO


Imaginemos uma grande caixa de sapatos com quatro paredes de vidro, pousada num prado a beira rio, não muito longe de Chicago. No Verão, a noite está quente, e dentro da caixa está uma mulher que não consegue dormir. Inútil tentar abrir os vidros: todos eles são fixos. Para permitir a ventilação, existem apenas dois pequenos postigos e uma porta de entrada. Abri-los seria loucura durante a noite, a caixa como uma lanterna gigante que atrai todos os mosquitos da região. Sufoca-se lá dentro.
De dia também não é melhor. A sombra do grande árvore não é suficiente para mantê-la fresca. Nessa tarde, a mulher tinha decidido refrescar-se no chuveiro mas, ao sair da casa de banho, foi surpreendida por uma excursão de japoneses que fotografavam,e fotografaram sua nudez! É o que da em viver numa caixa de vidro tornada famosa pelas revistas de arquitetura: nem 24 hectares de terreno são suficientes para nos manter a salvo dos olhares indiscretos. A mulher correu para perto do armário-roupeiro á procura do robe.
Em boa hora tinha exigido aquele armário ao arquitecto. Isto é apenas um retiro de fim-de-semana “ tinha ele dito “ basta-te um cabide na porta para pendurares o vestido. Para que queres um armário? Que descaramento!

Fonte de pesquisa: de Rui Campos Matos
escrito para o Diário de Notícias da Madeira, secção “Pequenas Casas, grandes arquitectos
publicado em 7 de Janeiro de 2007
Acessado em : http://www.sobrevoando.net/2007/uma-casa-de-vidro-de-rui-campos-matos/

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